REVIEW: A Forma da Água de Guillermo Del Toro

O nascimento de um clássico, sem spoiler.


Quem acompanha a obra do cineasta mexicano Guillermo Del Toro, já sabe que ele é fã de criaturas bizarras e universos fantásticos, vide sua filmografia. Dessa vez parece que o simpático e tímido diretor se superou em todos os aspectos. O filme homenageia o próprio cinema, recheado de cenas memoráveis onde constrói em sua narrativa a qualidade que só os grandes clássicos possuem: mexer com o coração do público e nos fazem sonhar e vibrar na poltrona do cinema. Não é à toa, recebeu TREZE INDICAÇÕES AO OSCAR.

Guillermo Del Toro, diretor de A Forma da Água.
No longa dirigido e escrito por Del Toro, podemos encontrar algumas metáforas. A que eu encontrei, na primeira vez em que assisti, (porque sim, irei assistir mais de uma vez) é que o filme faz um retrato de como a nossa sociedade se comporta diante daquilo que é diferente, o filme se passa em 1954, e questiona como ainda hoje tratamos tudo aquilo que consideramos fora do padrão, enaltecendo a diferença de cada um, e deixando claro que no fim das contas, são as nossas diferenças que nos fazem heróis.


As personagens parecem fazer parte de uma fábula sem os típicos clichês e doçuras comuns nesse tipo de filme. Só mesmo as figuras solitárias do filme seriam capazes de ajudar a protagonista numa missão improvável: que eu não posso comentar aqui por que estaria te dando spoiler e longe de mim querer estragar esse prazer.


A atuação de Sally Hawkins é concisa e poderosa, ela vive Elisa, uma faxineira que perdeu a voz em um acidente, trabalha num laboratório do governo americano. Sua amiga, faxineira também, é ignorada pelo marido, interpretada pela absolutamente formidável Octavia Spencer, e também sofre algum desprezo por ser negra em plena América do Norte nos anos 50. Juntas, fazem algo que só os corações mais puros poderiam fazer: ajudar.

Sally Hawkins e Octavia Spencer.
Assim dificultam o trabalho do violento policial interpretado por Michael Shannon, heterossexual com uma família perfeita, tipo essas de propaganda de margarina, mas cheio de ódio no coração e não consegue compreender a diferença alheia.

Michael Shannon - A Forma da Água.
O elenco é um desbunde de qualidade. Elas contam com a ajuda do vizinho de Elisa, um senhor homossexual, que entrega sua personagem sem ser uma caricatura comum a personagens gays no cinema, interpretado magistralmente por Richard Jenkins. 

Richard Jenkins e Sally Hawkins

A essência do filme está na força provocada pela solidão que assola as almas cheias de vida. 

Guillermo Del Toro injeta o espectador para dentro da história nos tirando da posição passiva de observadores para torcedores entusiasmados pela vitória ou não daquela história, que antes de tudo, é romântica. 

Um clássico. Guillermo que prepare a estante por que as estatuetas irão chegar!


Por Raphael Rocha.

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